06/06/2020 às 06:06 PARA A MAMÃE

Você sabota o seu sonho de engravidar?

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6min de leitura

Você sabota o seu sonho de engravidar?

Esta pergunta parece uma agulhada, não é? Dói mais do que as próprias injeções de hormônio que eu tomei na barriga por meses e meses...

Eu e meu marido namoramos muito tempo antes de casar (sim, ele me “enrolou” por 11 anos, kkk), e depois do grande “sim”, já havia passado outros 3 anos... acho que já era hora de pensar em engravidar e...

Quem escuta esta narrativa até pensa: nossa, isto que é uma pessoa calma, com planejamento... só que não!!!!

Eu tinha 34 anos, dos quais 14 eu havia vivido ao lado do Gustavo... eu via o tempo passar, os cabelos brancos chegarem, mas nada daquele momento chegar. Tudo no meu ser clamava por aquele instante – gestar uma vida.

E quando tudo na sua natureza te chama para viver o sonho da maternidade, é como se você saísse de si. Eu me via como um fantoche na mão do destino, não era mais dona de mim. E o medo foi crescendo: medo de nunca sentir uma vida se mexendo no meu útero, medo de nunca poder ouvir o som acelerado do coraçãozinho no ultrassom, medo de não ver o meu corpo mudar para acomodar um outro ser, medo, medo...

E os dias foram passando, as semanas, os meses... De repente parecia que o mundo esfregava na minha cara a fertilidade que eu não tinha – por onde eu olhava eu via mulheres grávidas ou carrinhos de bebês.

Vieram os exames, mas tudo estava normal. Foi aí que me disseram aquilo que eu não queria ouvir: “sua ansiedade está sabotando seu sonho de engravidar”.

Claro, até parece... Ok, eu não vou pensar mais nisto – vamos ver um filme... ah, tem bebês no filme... Então vamos ao shopping... ah, quantas crianças no shopping... namorar? Mas será que minha temperatura está....

Diga para alguém não encarar a verruga no nariz do outro e de repente o outro vira uma verruga gigante, não é assim? E quanto mais eu pensava em não pensar sobre gravidez, mais eu pensava.

E o tratamento começou... injeção de hormônio, comprimidos, injeção para estimular a ovulação, injeção para amadurecer os óvulos, e... nada...

E vamos tentar de novo... injeção de hormônio, comprimidos, injeção para estimular a ovulação, injeção para amadurecer os óvulos, inseminação artificial e... nada.

É desesperador!!! Meu medo de não ser mãe era tamanho que eu cheguei a falar para o médico que eu preferia morrer no parto do que viver sem nunca ter carregado uma criança em meu ventre (dramaticidade à parte, é verdade, eu realmente falei isto...)

E vamos de novo... injeção de hormônio, comprimidos, injeção para estimular a ovulação, injeção para amadurecer os óvulos, coleta dos óvulos, fertilização in vitromais hormônios, implantação de óvulos e.... nada...

Eu estava vivendo fora do meu corpo. Olhava as coisas ao meu redor e nada mais fazia sentido. Eu não estava mais ali.

Nós estávamos no limite, eu estava no limite. Estávamos prestes a tentar novamente, uma última vez, quando esta pergunta realmente me calou e fez pensar: você sabota o seu sonho de engravidar? 

Sim, minha ansiedade e meu medo estavam me afastando do meu maior sonho, e a culpa não era de ninguém, apenas minha.

Foi então que eu parei, respirei, e pedi um tempo para mim, para me resgatar, me recompor, me refazer.

Fui estudar fotografia, algo que eu já amava de longa data mas que até então não passava de um hobby. Fiz amizades, estudei, fiz planos para outros cursos.

Cerca de um mês depois, em 30 de agosto de 2014, eu fui na Estação Rio Verde, um Centro Cultural perto de casa onde estava tendo uma feira que fazia parte da virada sustentável. Naquele dia eu tive a honra de sentar no chão, junto com outras dezenas de pessoas que não cabiam mais no anfiteatro lotado, e assistir ao pé do palco o grande Maestro João Carlos Martins, um exemplo de força e superação, que junto com uma orquestra de convidados, tocaram para as bailarinas do Heliópolis nos encantar com uma belíssima apresentação.

Foi aí que aconteceu, enquanto ele tocava Ave Maria, eu fechei meus olhos e pedi silenciosamente pela graça da maternidade. Não havia medo no meu pedido, não havia pressa. Era um pedido feito para uma mãe.

E eu fui atendida.

Provavelmente naquela noite mesmo, ou na seguinte, eu engravidei da Letícia. Eu devia menstruar no dia 14 de setembro, mas não aconteceu. Dia 15 eu prendi a respiração. Dia 16 eu fiz um teste de farmácia escondido do meu marido e deu inconclusivo (o sinal estava muito fraco). No dia seguinte eu contei para ele e fiz outro teste de farmácia, mas ainda não dava para ter certeza. Dia 18 de setembro de 2014 veio o resultado laboratorial – não era um sonho. Era um milagre.

E apesar de ter me dado um grande susto, que me fez ficar em repouso absoluto por 3 meses, tudo correu tranquilamente. E sabe aquela data que a gente escuta em toda consulta e ultrassom de “data prevista para o parto”, kkk, a Letícia também escutou. Ela veio ao mundo às 10:49 do dia 23 de maio de 2015, na exata data em que completei 40 semanas de gestação, depois de 17 horas de trabalho de parto normal. Ufa! Kkkk

Mas foi quando eu peguei minha filha no colo que eu percebi: quanto tempo perdido, quanto medo desnecessário. Eu não posso mentir, gestar uma vida realizou um sonho, mas foi ao segurar ela nos braços a primeira vez que eu nasci como mãe.

Se você está vivendo o mesmo pesadelo que eu vivi, por favor, acredite em mim. Nós somos as nossas piores inimigas. Nós nos sabotamos. É científico: a ansiedade provoca alterações e irregularidades nos ciclos menstruais e até mesmo inibição da ovulação. E se você conseguir ovular, a ansiedade altera o PH vaginal, deixando a vagina mais ácida, o que mata os espermatozoides. E se algum sobreviver, a ansiedade aumenta a produção de um hormônio chamado epinefrina que nos deixa mais tensas e dificulta a fecundação por diminuir a mobilidade dos espermatozoides. E não é só, a ansiedade também pode atrapalhar a fixação do óvulo no útero, uma vez que estimula a produção de oxitocina, um hormônio que provoca contrações uterinas. Fora a depressão, uma consequência praticamente inevitável... e eu poderia ficar horas aqui falando sobre como a ansiedade pode te afastar do seu sonho, mas não é minha intenção.

É lógico que existem outros fatores de ordem fisiológica que podem dificultar a concepção, mas na maior parte das vezes, não passa da nossa cabeça. Ah se eu soubesse, se pudesse ter certeza disto antes.

Então é hora de parar, de trazer o tempo de volta para o relógio, de respirar, de se amar. Não é fácil, eu sei, mas foi quando eu mudei o foco que tudo aconteceu. Tentem, o que é que custa? Que tal um curso, redecorar a casa, uma viagem, sei lá, façam planos! Sonhem com outras coisas, e sobretudo, acreditem. Tudo tem seu tempo.

Hoje a Letícia tem 5 anos. Neste instante, enquanto eu escrevo, ela está dormindo no meio de um monte de almofadas no chão da sala porque ela quis ficar perto de mim. Hoje eu sei que a vida é um milagre e é feita de momentos, pequenos momentos, coisas que em um instante não estarão mais lá. Poder registrar o milagre de cada família que me procura e eternizar estas memórias é uma honra que nem todo o agradecimento do mundo será capaz de retribuir. Cada sessão é um convite para ouvir uma história - a SUA HISTÓRIA -, para que ela nunca mais se apague.

06 Jun 2020

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ansiedade fertilidade gestação gravidez mãe medo medo de não engravidar tratamento para engravidar

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